quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Rio 2016– Caminhos inversos ao de Londres 2012

rio2016Faz algum tempo que não escrevo, mas não poderia deixar de fazê-lo, ainda mais com um dos eventos esportivos mais importantes, como uma Olimpíada, acontecendo no Brasil.

Inicialmente, uma grande diferença entre as seleções feminina e masculina,  na fase classificatória, está no caminho a ser percorrido até a final. Diferente do que ocorreu em Londres 2012, o naipe feminino terá enfrentamentos menos difíceis nesta fase do que a masculina, o que, ao meu ver, será decisivo para que as nossas seleções cheguem as finais.

Em Londres, a equipe feminina, enfrentou sérias dificuldades na fase classificatória. Fez partidas dificílimas, onde não desenvolveu o voleibol que estávamos acostumados a ver. Contra a Turquia, uma partida difícil, com vitória apertada por 3 x 2. Depois uma derrota para os Estados Unidos por 3 x 1, seleção favoritíssima a levar o ouro olímpico, pelo que apresentou durante toda a competição. Contra a Coréia do Sul, mais uma derrota, desta vez por 3 x 0. A recuperação teria que acontecer contra a China. Vencemos, por 3 x 2, em uma partida duríssima e nervosa. Para classificar em 4º lugar, teríamos que vencer a Sérvia, o que aconteceu, 3 x 0, mas dependeríamos da vitória dos Estados Unidos contra a Turquia, o que acabou acontecendo, e acho até que a confiança das americanas era tanta, de que levariam a medalha, que venceram para manter o Brasil vivo na competição, e que, provavelmente, depois da final, arrependeram-se amargamente. 

O divisor de águas não veio na vitória contra as russas. Aquela vitória de 3 x 2, só mostrou que a fase classificatória, serviu para forjar a casca da equipe feminina, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, fez o grupo se fortalecer e acreditar que o ouro olímpico era possível, e vencer as russas, depois de tantos set points a favor das adversárias no quinto e decisivo set, só fez por coroar todo o trabalho do grupo. 

Já no Rio 2016, a fase classificatória para o feminino, aparentemente, terá  enfrentamentos com um nível de dificuldade crescente, pois enfrentará na ordem: Camarões (que veem para aprender), Argentina (seleção em evolução, mas ainda carentes em termos de material humano), Japão e Coreia do Sul (escola asiática que tem excelente sistema defensivo, onde é necessário ter paciência para colocar a bola no chão) e por último a Rússia (seleção que dispensa apresentações, que mesmo não contando com a gigante oposta Gamova e a ponteira Sokolova, sempre é um adversário muito difícil de se jogar), mas assim mesmo, nos dá uma certa tranquilidade em buscar a vaga nas fases finais, e isto pode ser o diferencial com relação a fase classificatória de Londres em 2012.

O masculino em Londres 2012, na fase classificatória, enfrentou a Tunísia, vencendo por 3 x 0, depois uma pedreira contra a Rússia, mas vitória por 3 x 0, em seguida, derrota para os Estados Unidos por 3 x 1, disputa sempre muito equilibrada e que não dá para apontar um favorito, vitória dificílima por 3 x 2 contra a Sérvia, que não estará no Rio, pois com a recente conquista da Liga Mundial, seria uma adversária duríssima de bater, e por último a vitória de 3 x 0 contra a Alemanha.

Na fase seguinte, vitória contra a Argentina por 3 x 0 e na semifinal, vitória contra a Itália por 3 x 0 e a tão aguardada final, contra os russos, os quais, já havíamos vencido na fase classificatória, ou seja, pelo menos até a final, foram enfrentamentos menos difíceis, que talvez tenham levado a não forjar a mesma casca que a seleção feminina criou, em virtude das dificuldades.

No Rio 2016, o naipe masculino, enfrentará o México (seleção que evoluiu, mas ainda tem um longo caminho para chegar no mesmo nível das demais do grupo), Canadá (bloqueio alto, mas ainda pouco eficiente), Estados Unidos (que conta com atletas de muita técnica, e com uma comissão técnica que estuda os adversários nos seus mínimos detalhes), a Itália (sempre fortíssima no saque, mas ainda uma equipe instável, que alterna bons e maus momentos durante uma partida) e por último a França (a melhor seleção europeia do momento, que conta com um ponteiro excepcional como N’gapeth, além de ser uma equipe que joga de forma veloz e com grandes variações de ataque, e o sistema defensivo que é excepcional), ou seja, todas partidas duríssimas, onde o Brasil terá que jogar de forma consistente, com um  bom saque e uma defesa forte para poder usar o que tem de melhor, o seu ataque.

Considerações finais

O que quero dizer, é que a seleção feminina, por ter um caminho, teoricamente, mais fácil na fase classificatória, terá que ter muito cuidado para não perder o foco, em virtude da aparente “facilidade” que terá, para que chegue nas fases decisivas, como se diz, “mordendo as adversárias”, assim como em Londres, algo que a seleção masculina já vai ter que fazer desde o início, o que ao meu ver, e tudo ocorrendo como o esperado pelos torcedores do vôlei brasileiro, levará a seleção a final, pois passará por maiores dificuldades nesta fase inicial.

Acredito que, tanto o masculino como o feminino, cheguem as finais, e levem mais duas medalhas douradas. Estás minhas considerações, com certeza, já foram exaustivamente trabalhadas pelas comissões técnicas brasileiras, e a casca já esteja forjada e pronta para a disputa.

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